Diretora: Anna Muylaert

Quando falamos de cinema em Hollywood, sabemos que há um número muito pequeno de mulheres em categorias técnicas, principalmente direção. No Brasil, o cenário é bem parecido, mas nem por isso estamos mal das pernas! Hoje falaremos de premiada Anna Muylaert, talvez o nome seja desconhecido, mas, para que foi criança nos anos 80 e 90, com certeza terá ela na memória, mesmo que sem saber!

Antes de iniciar na direção, Muylaert começou seu trabalho em roteiros, participou da criação de dois programas infantis clássicos da TV Cultura, "Mundo da Lua" (1990) e "Castelo Rá Tim Bum" (1994-1995). O Castelo foi então seu início de trabalho em direção! Entre os episódios em que trabalhou, eu destaco o "Et Cetera", foi o primeiro episódio após a morte do ator Wagner Bello, que interpretava o Etevaldo, e explicava de uma maneira delicada onde o personagem estava.
Ainda em 1995, dirigiu um curta chamado "A origem dos bebês segundo Kiki Cavalcanti".

Seu primeiro trabalho dirigindo um longa foi em 2002, com a comédia dramática "Durval discos". Durval é um vendedor de LPs, sua loja fica dentro da própria casa, em que mora com sua mãe. Assim como um LP tem lados A e B, o filme também possui a mesma ideia, inclusive o próprio personagem faz o paralelo sobre as diferenças de cada lado. Os espectadores vão notar a mudança no ritmo do filme e talvez o final não seja muito do agrado, mas vou parar por aqui para não dar spoilers.

Em 2009 dirigiu o filme "É proibido fumar", achei uma história interessante com um final aberto. A história é centrada na Glória Pires, conhecida como Baby, que é uma daquelas pessoas que parecem uma "chaminé" de tanto que fumam, ela se apaixona por seu novo vizinho Max, interpretado pelo Paulo Miklos. A partir dessa paixão a história se desenrola mostrando as crises de ciúmes de Baby e em seu relacionamento com a família por causa de um sofá.

Em 2012, dirigiu um episódio da série "Preamar" e o filme "Chamada a cobrar", sobre uma mulher que recebe uma daquelas ligações a cobrar de falso sequestro.

Em 2013, dirigiu dois episódios da série "As canalhas" e o filme "E além de tudo me deixou mudo o violão", filme que já passou na TV Cultura e narra a vida de uma adolescente, chamada Erica, que tem que lidar com uma mãe, uma inglesa que vive em São Paulo e sofre com o alcoolismo e a não superação do divórcio, com Eric, o pai da Erica, um homem que decidiu recomeçar a vida e "sair do armário".

Em 2015, ela dirigiu o que talvez podemos considerar seu maior sucesso: "Que horas ela volta?", não vou me prolongar muito sobre o filme pois já fiz uma recomendação sobre este ótimo filme, saiba mais clicando aqui!

Por fim, seu mais recente trabalho como diretora foi ano passado, com o filme "Mãe só há uma", que conta a história de um adolescente que descobre que sua mãe na verdade é sua sequestradora, na verdade, ele foi levado enquanto ainda estava na maternidade.

Uma das características que eu gosto em seu trabalho é o uso do cenário paulistano, em geral, grande parte dos filmes brasileiros são focados em estados como o Rio de Janeiro e Bahia, não que seja um problema, mas é interessante ver a minha cidade natal presente nas telonas. Para os paulistanos ou pessoas com interesse de conhecer um pouco da cidade, os filmes da Anna são uma ótima recomendação. Claro que também não podemos esquecer a forte crítica social presente em suas obras, outra característica marcante!

Como indicação, deixo os três filmes que pude assistir: "É proibido fumar", "Durval Discos" e "Que horas ela volta?"! Além disso, se você tem crianças em casa ou quer relembrar de Castelo Rá tim bum, todos os episódios estão disponíveis no YouTube. Boa sessão pipoca.

É proibido fumar - Completo